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Legado de José Eduardo dos Santos

PGR diz que autópsia não revelou envenamento de Dos Santos, enquanto família e Governo não chegam a acordo sobre o funeral

João Lourenço coloca medalha a José Eduardo dos Santos (8 Setembro 2018)
João Lourenço coloca medalha a José Eduardo dos Santos (8 Setembro 2018)

A autópsia realizada pela equipa do Instituto de Medicina Legal da Catalunha, na Espanha, afasta qualquer possibilidade de envenenamento como a causa da morte de José Eduardo dos Santos, de acordo com os.resultados provisórios já disponibilizados.

Entretanto, não há fumo branco nas negociações entre a família do antigo Presidente e o Governo para a realização das exéquias em Angola.

A garantia de que Santos não foi envenenado foi dada pelo Procurador-Geral da República que integra a delegação angolana que em Barcelona trata do processo de transladação do corpo do ex-Presidente da República para Angola, ao Jornal de Angola e à TVZimbo, ambos públicos, que, no entanto, não revelam qualquer frase de Hélder Pitta Grós.

Esta informação ainda não foi confirmada pelos advogados da filha do antigo Presidente Tchizé dos Santos, quem pediu à justiça e ao Centro Médico Teknon que fosse feita a autópsia em virtude de "uma série de sinais" de que a morte do pai ocorreu em "circunstâncias suspeitas".

A antiga deputada também abriu um processo em Espanha contra a viúva do ex-Presidente, Ana Paula dos Santos, e o seu médico pessoal, João Afonso, por "tentativa de homicídio".

A queixa também inclui alegações relacionadas ao "não cumprimento do dever de cuidado, lesões resultantes de negligência grave e divulgação de segredos por pessoas próximas” ao antigo Presidente, segundo nota divulgada na sexta-feira pelos advogados.

Negociações num impasse

Entretanto, a família e o Governo continuam a negociar as exéquias do antigo Presidente, mas ambas as partes estão longe de um acordo.

Embora em vídeo disponilizado nas redes sociais Tchizé dos Santos tenha dito que o pai só será enterrado depois de João Lourenço deixar o poder, o jornal português Expresso cita fontes próximas das partes que indicam que Isabel dos Santos, a filha mais velha de Santos, terá aceite fazer o enterro mas só depois de 24 da Agosto, dia das eleições gerais, e com a mesma dimensão dos funerais de Agostinho Netom primeiro Presidente do país, morto em 1979.

Fontes da VOA indicaram que até o fim desta segunda-feira, 11, não havia qualquer entendimento entre as partes, com os filhos de José Eduardo dos Santos bem divididos, tendo de um lado os mais velhos e, do outro, os três da agora viúva Ana Paula Santos.

O antigo Presidente da República morreu, aos 79 anos, na passada sexta-feira, 8, vítima de doença, em Espanha.

Em mensagem de condolências, EUA destacam "papel importante" de Dos Santos na história de Angola

Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado americano, 10 Março 2022.
Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado americano, 10 Março 2022.

Em mensagem de condolências enviada ao Governo angolano, o Departamento de Estado americano destaca o "papel importante" do antigo Presidente José Eduardo dos Santos no país.

"Os Estados Unidos apresentam condolências pela morte do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos. Teve um papel importante na história de Angola, durante a sua luta pela independência, como ministro dos Negócios Estrangeiros e como Presidente", diz a nota do Gabinete do porta-voz do departamente responsável pela diplomacia de Washington.

Os Estados Unidos destacam ainda que "após a longa e dolorosa guerra civil de Angola, Dos Santos supervisionou a notável reintegração do país e a transição para a paz durante a complexa era pós-colonial".

O Departamento de Estado reitera que os Estados Unidos "continuam empenhados em fortalecer sua parceria estratégica com Angola e aprofundar a relação entre o povo americano e angolano".

José Eduardo dos Santos morreu no dia 8 em Barcelona, na clínica onde estava internado desde o dia 23 de Junho.

PGR garante que filhas de José Eduardo dos Santos não serão presas se forem ao enterro do pai

Isabel dos Santos (esq) e José Eduardo dos Santos (dir). Foto publicada pela filha do antigo Presidente angolano no seu Instagram, 31 Dezembro 2019
Isabel dos Santos (esq) e José Eduardo dos Santos (dir). Foto publicada pela filha do antigo Presidente angolano no seu Instagram, 31 Dezembro 2019

As filhas do falecido Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que se encontram a braços com a justiça do país podem regressar a Luanda para o enterro do pai com a garantia de que não serão presas.

O vice-procurador geral da República, Mota Liz, assegurou que a própria lei exclui essa possibilidade e lembrou que o antigo Chefe de Estado é também património da Nação.

"É preciso que haja consenso da família para não prejudicar aquilo que é património da Nação. O Presidente José Eduardo dos Santos, apesar de ser da família, é património da Nação e é preciso que haja bom senso da família para não prejudicar aquilo que é da Nação”, afirmou Mota Liz a jornalistas no Memorial Dr. Agostinho Neto nesta segunda-feira, 11, a quem lembrou que “nem se prendem pessoas em dias de óbito, a própria lei exclui essa possibilidade”.

O magistrado disse ainda que “a prisão não é o remédio, os seres humanos têm de conversar sempre".

A VOA sabe que o Governo, representado em Barcelona pelo ministro de Estado e Chefe da Casa Militar, general Francisco Furtado, e a família continuam a negociar sobre as exéquias de José Eduardo Santos, que o Executivo quer que aconteçam em Angola.

Nesta segunda-feira, 11, a pedido da filha Tchizé dos Santos com a autorização da justiça, médicos fizeram autópsia ao corpo do antigo Presidente, mas os resultados não estão disponíveis ainda.

A antiga deputada requisitou a autópsia porque, segundo ela, há "uma série de sinais" de que a morte do pai ocorreu em "circunstâncias suspeitas".

Ela também abriu um processo em Espanha contra a viúva do ex-Presidente, Ana Paula dos Santos, e o seu médico pessoal, João Afonso, por "tentativa de homicídio".

A queixa também inclui alegações relacionadas ao "não cumprimento do dever de cuidado, lesões resultantes de negligência grave e divulgação de segredos por pessoas próximas” ao antigo Presidente, segundo nota divulgada na sexta-feira pelos advogados.

Leituras diferentes sobre o pensamento político de José Eduardo dos Santos

José Eduardo dos Santos, Nelson Mandela, Mobutu Sese Seko e Joaquim Chissano
José Eduardo dos Santos, Nelson Mandela, Mobutu Sese Seko e Joaquim Chissano

Analistas políticos e sociais angolanos consideram que o pensamento político de José Eduardo dos Santos acarreta aspectos positivos e negativos, mas representa também um fardo bastante pesado para o angolano de uma maneira geral.

Alguns apontam a perseguição a adversários políticos, assassinatos de pessoas críticas à governação e, inclusive, auxílio no derrube de presidentes de países vizinhos de Angola.

Leituras diferentes sobre o pensamento político de José Eduardo dos Santos – 2:03
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Mas há quem lembre o seu papel na pacificação da região.

A VOA falou com pessoas que seguiram de perto, cada uma à sua maneira, a trajetória do antigo Presidente José Eduardo dos Santos desde a sua ascensão em 1979, quando foi empossado Presidente da República, em substituição do primeiro presidente Agostinho Neto, entretanto falecido.

Tunga Alberto, que dirigiu o FONGA, uma organização que englobava várias associações da sociedade civil, diz ter memória de traços de um legado na estreia dele da sociedade civil, mas que veio a ser aniquilada a seguir.

"Eu, pelo menos, tenho algumas acções de José Eduardo dos Santos em que ele teve o protagonismo como pai da sociedade civil angolana, quando em 1994/95, no primeiro encontro organizado em conjunto pelo FONGA e a Casa Civil da Presidência da República, em que juntou todas as organizações humanitárias e da sociedade civil”, lembra Alberto, quem lamenta que “todas aquelas organizações da sociedade foram sendo exterminadas".

Makuta Nkondo, na qualidade de jornalista da Angop e ao serviço da agência de notícias de França aponta um legado pesado e totalmente negativo.

"Ele ajudou, com as tropas do Ruanda, Uganda e Zimbabwe no derrube de Mobutu no Congo, também teve contribuição na deposição do presidente Pascal Lissouba, no Congo Brazaville, os que apregoam que José Eduardo dos Santos foi o timoneiro da paz e daquilo... não se faz a paz em cima do cadáver de outro, ele matou Savimbi para ter esta paz, tornou a sua filha na mulher mais rica de África, entregou milhões e milhões de dólares ao seu filho “Zenu” dos Santos no Fundo Soberano, transformou todos os seus ministros, colaboradores e amigos em ricaços, como grandes magnatas", recorda o hoje deputado pela CASA-CE.

Leitura diferente tem a professora e especialista em Relações Internacionas Emília Pinto, quem lembra que "os líderes africanos têm hoje Angola como uma grande referência na resolução de conflitos graças ao contributo de José Eduardo dos SAntos, do ponto de vista da diplomacia, pelo empenho dele, Angola é hoje um dos maiores contribuintes das organizações de carácter africano, teve um papel importante na pacificação da região dos Grandes Lagos e também no processo que conduziu Angola a membro do Conselho de Segurança da ONU".

José Eduardo dos Santos dirigiu Angola de 1979 a 2017, tendo sido responsável pelo fim da guerra civil, o acordo de paz em 2002 com a UNITA e acordos que levaram à Independência da Namíbia e à queda do reigme do apartheid na África do Sul.

Uíge recorda José Eduardo dos Santos

Uíge recorda José Eduardo dos Santos
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No Uíge houe o tradicional velório em memória do falecido Presidente

João Lourenço realça “a paz e a reconciliação nacional” como "obra maior" de José Eduardo dos Santos

Presidente angolano João Lourenço assina livro de condolências do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, Luanda, Angola, 11 Julho 2022
Presidente angolano João Lourenço assina livro de condolências do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, Luanda, Angola, 11 Julho 2022

Presidente angolano foi o primeiro a assinar o livro de condolências no Memorial Dr. Agostinho Neto

O Presidente angolano destacou a obra maior do antigo Chefe de Estado José Eduardo dos Santos, “a paz e a reconciliação nacional”, ao ser o primeiro assinar o livro de condolências no Memorial Dr. Agostinho Neto, disponibilizado pelo Governo para que os angolanos rendam a última homenagem a Santos.

"Neste momento de dor e consternação, os angolanos choram o Presidente José Eduardo dos Santos que, nos momentos mais críticos do país, entregou-se por inteiro à defesa da Independência e da soberania nacional. Vergamo-nos e honramos a sua memória, defendendo e perpetuando a sua maior obra, a paz e a reconciliação nacional. À família enlutada manifestamos os nossos mais profundos sentimentos de pesar", escreveu Lourenço nesta segunda-feira, 11, em Luanda.

Memorial Dr. Agostinho Neto, em homenagem ao antigo Presidente José Eduardo dos Santos, Luanda, 11 Julho 2022
Memorial Dr. Agostinho Neto, em homenagem ao antigo Presidente José Eduardo dos Santos, Luanda, 11 Julho 2022

O Presidente angolano esteve acompanhado do presidente da Assembleia Nacional, Fernando Dias dos Santos “Nandó”, o segundo assinar o livro, vários membros do Governo e representantes dos órgãos de soberania e dos tribunais superiores, bem como alguns históricos do MPLA.

O local transformado em velório público tem fotos do antigo Presidente, bandeiras negras a meia haste e cartazes debruados com faixas pretas, com frases como “Zedu”, “um homem do povo”, “um bom patriota”, “com o MPLA no coração”.

A partir das 14 horas, o local estará aberto para receber todos que queiram homeagear o falecido Presidente, cuja família não está presente.

Comité do MPLA em Luanda, homenagem a José Eduardo dos Santos, 11 Julho 2022
Comité do MPLA em Luanda, homenagem a José Eduardo dos Santos, 11 Julho 2022

Refira-se que, apenas o filho de Santos, José Filomeno dos Santos, encontra-se em Luanda, impedido de viajar por aguardar um recurso interposto junto do Tribunal Supremo contra a pena de cinco anos de prisão imposta no caso “500 milhões”.
“Zenu”, como é conhecido, disse que o impedimento é ilegal porque a justiça retirou todas as medidas de coação, mas as autoridades mantêm os seus passaportes apreendidos.

Espaços semelhantes devem ser abertos em todas as províncias, onde, como na capital, os comités do MPLA criaram lugares para prestar a derradeira homenagam ao se antigo líder.

Médicos espanhóis realizam autópsia ao corpo de Jose Eduardo dos Santos

José Eduardo dos Santos, Presidente de Angola (JA)
José Eduardo dos Santos, Presidente de Angola (JA)

Autópsia foi pedida pelo filha do antigo Presidente angolano, Tchizé dos Santos

A autópsia ao corpo do antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos já foi realizada em Barcelona, onde ele morreu no passado dia 8.

A informação foi avançada nesta segunda-feira, 11, pelos advogados da filha de Santos, Tchizé dos Santos, citados pela AFP.

A autópsia, solicitada pela filha, foi autorizada por um tribunal de Barcelona, mas os resultados ainda não estão acessíveis.

Após a morte, Tchizé dos Santos requisitou a autópsia porque, segundo ela, há "uma série de sinais" de que a morte do pai ocorreu em "circunstâncias suspeitas".

A antiga deputada também abriu um processo em Espanha contra a viúva do ex-Presidente, Ana Paula dos Santos, e o seu médico pessoal, João Afonso, por "tentativa de homicídio".

A queixa também inclui alegações relacionadas ao "não cumprimento do dever de cuidado, lesões resultantes de negligência grave e divulgação de segredos por pessoas próximas” ao antigo Presidente, segundo nota divulgada na sexta-feira pelos advogados.

A polícia regional da Catalunha, Mossos d´Esquadra, confirmou ter recebido a queixa e disse ter aberto um inquérito.

Religiosos lembram José Eduardo dos Santos como homem da paz e patriota que marcou Angola no bem e no mal

Dom Manuel Imbamba, presidente da Comissão Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST).
Dom Manuel Imbamba, presidente da Comissão Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST).

Líderes de congregações religiosas angolanas reconhecem o legado deixado pelo ex-Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, apesar dos erros que lhe são imputados.

Dirigentes religiosos e a herança de Eduardo dos Santos – 2:30
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A Igreja Católica descreve o antigo Chefe de Estado como sendo um homem que “marcou a história recente de Angola, no bem e no mal, e uma presença incontornável no processo de pacificação do país”, na leitura feita à VOA por Dom Manuel Imbamba, presidente da Comissão Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST).

“Ele deixa um legado muito grande que devemos saber preservar não obstante os outros aspectos menos bons que ele terá deixado”, acrescenta o também arcebispo de Saurimo, para quem, José Eduardo dos Santos “soube ser um homem de diálogo, de consensos e aberto aos grandes valores da paz, da unidade e da reconciliação nacional”.

“Conseguiu identificar-se como um bom patriota”, considera, por seu turno, o reverendo Luís Nguimbi, dirigente do Conselho das Igrejas Cristãs de Angola (CICA).

Aquele responsável religioso defende que “este título lhe é merecido por aquilo que ele comprovou e a sua perda é irreparável porque não haverá outro José Eduardo dos Santos”.

Para Nguimbi "as novas gerações estão proibidas de tentar marginalizar a riqueza das vitórias que deixa para este povo”.

Por seu turno, o líder da Comunidade Islâmica de Angola, David Já, entende que o antigo Presidente de Angola “cometeu falhas”, mas, ainda assim, defende que, José Eduardo dos Santos, teve o condão de ser “um homem da paz, que conseguiu unir os angolanos e que não hostilizou os adversários”.

No entanto, aponta que “José Eduardo dos Santos devia ter outro percurso com a morte de Jonas Savimbi, antigo líder da UNITA. Ao permitir a acumulação ilícita de capitais, o favoritismo e o nepotismo, isso abalou a sua carruagem e as suas vitórias”.

José Eduardo dos Santos morreu na sexta-feira, 8, em Barcelona onde estava internado desde o dia 23 de Junho.

Enquanto o Governo e a família continuam a negociar a forma e o local das exéquias, os angolanos começam hoje a prestar a última homenagem ao antigo Presidente em lugares criados para o efeito pelo Gvoerno.

Na capital, Luanda, o Memorial Dr. Agostinho Neto é o local preparado para o efeito.

Angolanos vão ter lugares para prestar última homenagem a José Eduardo dos Santos nas províncias

José Eduardo dos Santos acena para as pessoas no dia da posse do novo Presidente de Angola João Lourenço, Luanda, 26 Setembro 2017
José Eduardo dos Santos acena para as pessoas no dia da posse do novo Presidente de Angola João Lourenço, Luanda, 26 Setembro 2017

Os lugares serão anunciados pelo Governo que ainda não tem data para as exéquias do antigo Presidente angolano

Os angolanos vão poder prestar a sua última homenagem ao antigo Presidente José Eduardo dos Santos em lugares que o Governo está a criar em todas as províncias.

A informação foi avançada pelo ministro da Administração do Território, Marcy Lopes, que preside a comissão criada pelo Presidente João Lourenço para preparar as exéquias de Santos.

Os locais devem ser anunciados ainda hoje, no entanto, Lopes acrescentou que, apesar dos locais das homenagens públicas, a família poderá ter outro local, "respeitando a intimidade dos mesmos".

Tete Antonio chega a Barcelona
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Quanto às exéquias, o ministro,citado pela agência angolana de notícias apenas disse que “neste momento encontra-se no Reino de Espanha uma delegação governamental que negoceia com a família do malogrado os termos dos procedimentos administrativos a levar a cabo", sem dar detalhes sobre a eventual data do enterro ou qualquer acordo com a família.

Em Luanda o local indicado é a Praça da República, no Memorial Dr António Agostinho Neto, onde deverá ser montada uma tenda para o efeito.

José Eduardo dos Santos morreu em Barcelona no dia 8, devido a doença.

A filha do antigo Presidente, Tchizé dos Santos, pediu ao Centro Médico Teknon uma autópsia ao corpo do pai, o que foi aceite, segundo os advogados da antiga deputada.

Incerteza sobre o funeral de José Eduardo dos Santos

Incerteza sobre o funeral de José Eduardo dos Santos
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Incerteza sobre o funeral de José Eduardo dos Santos

José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos

A realização do funeral do ex-estadista angolano José Eduardo dos Santos está no centro de uma disputa entre familiares e autoridades.

Tchizé dos Santos, sua filha, exigiu a retenção do corpo, em Barcelona, para uma autópsia, na sequência de receios de "jogo baixo".

O presidente João Lourenço disse que o governo vai organizar as exéquias do ex-chefe de Estado, para as quais conta com a presença de todos, incluindo a família “que está lá fora”.

Para falar sobre o assunto, ouvimos o político Alberto Neto e o analista Francisco Costa.

Acompanhe:

Incerteza sobre o funeral de José Eduardo dos Santos
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João Lourenço apresenta condolências à família de José Eduardo dos Santos

José Eduardo dos Santos e Ana Paula dos Santos, na campanha eleitoral de 2012
José Eduardo dos Santos e Ana Paula dos Santos, na campanha eleitoral de 2012

O presidente de Angola apresentou, neste sábado, condolências à família do ex-estadista, José Eduardo dos Santos.

"O Chefe de Estado telefonou para a senhora Ana Paula dos Santos este sábado” escreve a Presidência da República no Facebook.

Por outro lado, o presidente João Lourenço anunciou que o período de luto nacional passa de cinco para sete dias.

Durante o período, que iniciou hoje (9), a bandeira de Angola será colocada a meia-haste, e não serão realizados espectáculos e manifestações públicas.

Autorizada autópsia

Entretanto, as autoridades judiciais espanholas aceitaram que seja realizada a autópsia ao corpo do ex-presidente angolano, José Eduardo dos Santos, em Barcelona.

Tal satisfaz o pedido da filha Tchizé dos Santos, que tem se revelado contra o funeral em Luanda, por desetendimento entre alguns familiares e o executivo angolano, e alegado cumprimento da vontade do malogrado.

O presidente João Lourenço disse que o funeral de José Eduardo dos Santos será realizado pelo Governo, devendo participar todos os familiares.

A morte de Jose Eduardo dos Santos, de 79 anos de idade, foi anunciada na sexta-feira, 8. Ele foi presidente de Angola entre 1979 e 2017.

Jornais americanos destacam corrupção do regime de José Eduardo dos Santos

Os principais jornais americanos recordaram José Eduardo dos Santos como um dirigente que derrotou “rebeldes apoiados pela África do Sul e Estados Unidos”, mas que ao mesmo tempo liderou um regime corrupto que “saqueou” Angola.

“José Eduardo dos Santos, que saqueou Angola, morre aos 79 anos”, foi o título do artigo no Washington Post que, no sub-título, afirma que “um dos chefes de Estado africanos com mais anos no poder, liderou o seu país rico em recursos num conflito que parecia sem fim durante 38 anos e canalizou enormes riquezas para a sua família”.

No artigo, o Washington Post descreve a paz alcançada em Agola como “marcada pela corrupção” e que “vastas riquezas foram canalizadas para a sua família e poucos favoritos, deixando a maior parte dos angolanos numa pobreza deplorável”.

Já o New York Times recordou que, sob a liderança de José Eduardo dos Santos, “Angola combateu e eventualmente ganhou uma guerra civil duradoura contra rebeldes apoiados pela África do Sul e Estados Unidos e apoiou rebeldes que desafiaram a dominação da minoria branca na Namíbia e na África do Sul, mas foi acusado de corrupção e nepotismo e o crescimento económico a que presidiu beneficiou principalmente a sua família e um círculo de conselheiros”.

“Carros importados caros podiam ser vistos nas ruas de Luanda e angolanos ricos tiravam férias em instâncias portuguesas luxuosas, enquanto muitos angolanos subsistiam em migalhas sem cuidados de saúde e sem esperança”, escreve o New York Times.

Já o Wall Street Journal recordou que foi durante a presidência de José Eduardo dos Santos que se registou um investimento “sem precedente de companhias petroliferas multinacionais e da China que tornaram Angola no segundo maior produtor de petróleo em África”.

“Contudo, enquanto milhares de milhões de dólares entraram em Angola liderada por dos Santos, os pobres do país pouco beneficiaram”, diz o jornal.

“Cerca de metade de mais dos 30 milhões de pessoas de Angola vive na pobreza, de acordo com o Banco Mundial e empréstimos sem controlo deixaram o Governo com uma montanha de dívidas quando o preço do petróleo caiu nos últimos do poder de dos Santos”, conclui aquele jornal especializado em economia e financas.

José Eduardo dos Santos morreu na sexta-feira, 8, em Barcelona, Espanha, onde vivia há três anos com a idade de 78 anos.

General Abílio Kamalata Numa sobre José Eduardo dos Santos

General Abílio Kamalata Numa sobre José Eduardo dos Santos
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General Manuel Mendes Carvalho Pacavira, “General Paca" sobre José Eduardo dos Santos

General Manuel Mendes Carvalho Pacavira, “General Paca" sobre José Eduardo dos Santos
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