Espectro de greve na Educação divide sindicatos angolanos

Ano lectivo arranca em Fevereiro

Federação dos Sindicatos da Educação e SINPROF não se entendem.

Em vésperas do início do ano lectivo de 2017 em Angola, a possibilidade de uma greve na Educação divide os maiores sindicatos do sector, com acusações que colocam em causa a idoneidade de cada um face aos filiados.

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Benguela: sindicatos em desacordo quanto a greve no ensino - 2:35

Enquanto o Sindicato dos Professores (SINPROF) pressiona a entidade patronal, lembrando que o incumprimento de direitos pode dar lugar a dissabores, a Federação dos Sindicatos da Educação e Cultura refere que os funcionários não devem aderir a paralisações.

Na ponta final de 2016, o presidente do Sindicato da Educação e Cultura de Benguela, José Joaquim Laurindo, em nome da classe docente, emitia sinais de alguma insatisfação.

“Nós advogamos aumentos salariais, já que os vencimentos não cobrem as necessidades. Quem sabe que compra a força de trabalho, deve pagar’’, referiu Laurindo, para mais adiante sublinhar que a existência de ‘’trutas’’ no Governo não impede que os trabalhadores ‘’digam basta’’.

Cheirava a ameaça, mas tudo não passou disso mesmo.

Um mês depois, a Federação dos Sindicatos da Educação, reunida no município de Caimbambo, a 112 quilómetros da cidade de Benguela, opõe-se a exigências do SINPROF, que vem negociando com o Ministério da Educação.

O comunicado final refere que ‘’os professores não devem aderir a greves convocadas por sindicatos que vivem de promessas enganosas’’.

Em resposta, a secretária-geral do SINPROF Hermínia do Nascimento, diz que houve precipitação de uma organização que usa a difamação para fazer o papel do Governo.

A sindicalista, porta-voz da equipa negociadora, salienta que os cinco pontos em discussão não são uma declaração de greve, embora possam evoluir para tal, mas nunca sem o parecer dos mais de 50 mil filiados.

“Desde 2008 que não há promoções no verdadeiro sentido da palavra. De acordo com documentos legais, o professor deve ser promovido de cinco em cinco anos, bastando, obviamente, que tenha requisitos também definidos por lei. Queremos também actualizações salariais automáticas e anuais, até para evitar que haja necessidade de acumular promoções’’, indica Nascimento.

O SINPROF exige ainda mais de cinco subsídios, também aprovados por decreto-lei há cerca de 10 anos, uma vez que os educadores recebem apenas dois, o de risco e o de docência.

O ano lectivo arranca no início de Fevereiro.